terça-feira, 27 de maio de 2008

Interlúdio... (um conto civilizado)

Personagem n°1

_ Puta que o pariu, a porra desse transito num anda mais não caralho!!!!

Personagem n°2

_ É bem acidente.

Dialogo:
n°1 com feliz traseunte.

_Tu sabe que foi que houve alí na frente?

_Acidente, seguido de roubo e um assassinato.

_Puta que pariu como é que é?

_ Um carro bateu no outro, daí os dois começaram a briga, um bandido aproveitou a confusão e roubou uma caralhada de carteira, casa e até a pistola do guarda, daí um dos motoristas muito emputecido agarrou o ladrão, encheu o coitado de porrada e descarregou a arma no outro condutor. Foi só.

_ Puta merda SÓ! Imagina se tivesse sido alguma coisa. E tu tava lá é?

_ Tava mermo, é que o outro ladrão tinha um parceiro mané, que sou eu. Então passa logo a grana, a joias da moça aí e me descola um cigarro.

Operação efetuada, ladrão com a grana, relógio e um cigarro.

_ Fogo aí mermão? - pergunta personagem n°1

_ Só mané.

_ Então toma aqui vagabundo filho da puta!!!!

Personagem n°1 descarrega seu calibre 38 no feliz transeunte.

Epílogo.
Logo alí havia uma casinha, toda jardinhada, o portão e as grades, tinham pouco mais que meio metro de altura. Uma pequena estradinha de chão batido levava a uma modesta casinha de madeira, pequena e confortável, lá um rádio tocava e no escuro, sentado, iluminado pela luz da lamparina um velho descansava, embalando-se em sua cadeira de balanço de madeira e tela.

_ No meu tempo, essa cidade era calma, nem precisava fechar a porta, num tinha transito, não tinha arma, só os policial, arma mermo era a faca. Sem tv, só rádio, sem engarrafamento, sem violência, só em bar. Eram bons tempos, tempos seguros.

Um garoto está ao lado do velho, ouvindo atentamente as palavras dele e retruca:

_ Pois é vô, naquela época era tudo primitivo, agora ta chegando a civilização. Olha lá na rua.
Agora aqui é tudo quase civilizado, só falta um fast-food.

Rindo o velho se levanta.

_ Hehehehehe é pode ser, vou me deitar. Passe o cadeado no portão meu filho.

E volta para o seu pequeno pedaço do primitivo e atrasado que tantas saudades lhe dava.

Gildson Góes.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Chico Fuleiro e o Diabo - Parte 2 (a mais sangrenta)

Logo pela manhã, ao acordar, lá estava escrito um pequeno bilhetinho, em sangretas letras dizia o nome dos futuros infelizes que passariam para o outro lado. Chico se levantou e leu à luz do sol da manhã de um domingo do ano de Nosso Senhor dois mil e umas cassetadas. Aquele dia, pensava o velho Chico, seria o dia de sua vida.
Por sete dias Chico matou, e através de ordens específicas no papel, ele matou e esquartejou cada corpo, oferecendo os corações condenados às chamas do inferno. Sete dias ele se esgueirou na noite, atraindo e matando sete dos mais poderosos homens da cidade, o delegado, o juiz, o doutor, o advogado, o fazendeiro, o jagunço, o traficante. Cada um deles morto no facão, seus pedaços foram lançados na mata, seus sangues foram misturados e lançados de uma só vez nas águas do rio. No domingo seguinte as águas amanheceram vermelhas com o sangue da corja da cidade, dos violentos, trapaceiros, estupradores, dos maus, dos hereges, dos infames, dos poderoso e impiedosos. Poucos lhes choraram as mortes. E na noite daquele domingo...
Cansado e abatido, a roupa ainda ensanguentada, dormiu na mata todos os sete dias, mas enfim lá estava ele, mais uma vez pronto para encarar o diabo, cobraria sua parte do acordo.
Dinheiro, fama e poder além do imaginado.
O Diabo apareceu....

Continua..............

Gildson Góes.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Chico Fuleiro e o Diabo. - Parte 1

Certa vez houve, por essas matas verdejantes, um certo senhor chamado Chico, sujeito casado, com filhos, com amantes e bastardos, desses de não gostar de trabalhar, esperto que só vendo o Senhor Francisco Fuleiro para acreditar em tamanha esperteza, roubava nas cartas, no dominó, no dado, na sinuca, na conta da cerveja e até mesmo no resultado do jogo de futebol. Era um sujeito esperto, ainda assim era pobre. Claro que isso desagradava muito nosso amigo Chico Fuleiro.
Dias e dias, meses e meses, anos e anos ele matutou em como enricar, mas a riqueza não chegava não. Ela parecia até mesmo se esconder dele. Nada do que tentava parecia valer a pena, sempre meios espertos é claro, seu Chico tinha uma filosofia de que só os espertos enricavam nesse mundo e claro, ser esperto é ser malandro, é ser fuleiro. Isso seu Chico era de mão cheia.
Nunca foi homem religioso, tinha lá suas superstições, mas jamais fora religioso. As únicas vezes que foi à igrejinha local, arranjara um modo de roubar parte das ofertas, e de bônus, levou o vinho do padre. Esperto que só o cão era esse seu pensamento.
Nisso apareceu sua ideia brilhante, ideia de gênio, o Diabo, por que não tentar. Era uma boa maneira de enricar, por que não vendia a alma para o diabo? Era uma excelente idéia! Sem falar que ele era esperto o suficiente para enganar o Capeta, levar a grana e de quebra a própria alma. Então ele resolveu, quem não arrisca não petisca não é mesmo?

Então foi numa noite de lua, o demo em pessoa apareceu para Chico, ignoro o procedimento de invocação, mas ele o chamou. Logo o capeta estava em sua frente, envolvido em vestes negras, sobre um cavalo negro de olhos flamejantes.
_ Por que sua pessoa me invoca até estes recantos do mundo?
_Porque minha pessoa está pessoalmente interessada em fechar negócios com a sua pessoa.
_ Negócios? E o que sua pessoa poderia querer negociar com o Rei do Inferno?
_ Minha alma!
_ Em troca de....
_ Riqueza, fortuna, prosperidade. Mas de um jeito fácil.
_ Acordo fechado, mas não aceito só sua alma. Vai ter que me dar sete.
_ Sete?! Onde é que se arranja tanta alma homem de Deus!
_ Não sou de Deus. Mate sete pessoas que vou lhe indicar, então estaremos de acordo fechado, e a oitava alma será a sua. Espero que aprecie o acordo. Até logo, Senhor Francisco.

Continua........

Gildson Góes