Eu poderia muito bem ter passado minha noite de domingo
relembrando a carreira, obras, ditos e feitos de Hebe Camargo, aquela icônica
apresentadora televisiva e distribuidora de selinhos. Mas sinceramente, nunca
gostei de Hebe Camargo, não como apresentadora pelo menos, jamais assisti
um programa dela inteiro, Hebe jamais fez parte da minha vivência com a
televisão e não seria na hora de sua morte que eu desrespeitaria a memória da
apresentadora, fingindo sentir falta de alguém que jamais fez parte da minha
vivência televisiva.
Apesar reconhecer a história e importância de Hebe na TV, pra mim
ela sempre pareceu, muito mais, uma senhorinha simpática que acabou ganhando um
programa e fama. Então é isso, vai em paz Hebe!
Mas falava de domingo a noite, quando assisti um grande (tanto
literal quanto metaforicamente falando) documentário sobre a vida de um dos
grandes rockeiros dessa nação chamada Brasil. Raul, o início, o fim e o meio é
um registro focado basicamente na vida musical de Raul e nas suas influências
que ele teve para criar sua música, resvalando em alguns inevitáveis aspectos
mais íntimos da vida dele, mas apenas quando necessário, o foco mesmo desse doc
é o músico.
O filme também não se aprofunda muito na discografia do cantor
preferindo se focar nas canções clássicas e significados. O trabalho de
pesquisa foi muito bem realizado aqui, pois há farto material em vídeos, fotos
e recorte de jornais da época, também uma vasta gama de personalidades que
trabalharam e conviveram com o cantor ao longo dos anos: esposas, filhas,
produtores musicais, parceiros de composição e até mesmo alguns
satanistas.
O documentário se encerra de maneira comovente, mostrando o
reencontro no palco entre Raul e seu ex-colega de composição Paulo Coelho onde
os dois cantam juntos Sociedade Alternativa, é um momento bem bacana da vida e
daí já pulando para o relato de sua morte feito pelas últimas pessoas a vê-lo
com vida, destacando uma frase interessantíssima de Marcelo Nova, último parceiro
do cara onde ele diz que Raul morreu de pé, aplaudido e não bêbado e esquecido.
Se pararmos pra pensar um pouco, não tinha maneira melhor de Raul Seixas deixar
essa vida mesmo!
Gildson Góes
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