Havia certa vez, em uma terra cujo nome não quero me lembrar,
três porquinhos, três irmãos porquinhos mais especificamente, vinham descendo
uma estrada de terra, carregavam suas trouxas em suas costas e procuravam um
lugar para morar.
Até que acharam, um terreno, vasto, amplo e verde onde a terra era fértil e, principalmente, corria a rede de saneamento e eletricidade. Com tão boas condições de moradia os porquinhos resolveram ali habitar e ocuparam o terreno.
O porquinho mais velho, achou melhor fazer tudo dentro dos
padrões da legalidade e antes mesmo de começar a construir sua casa, foi atrás
de regularizar a documentação do terreno junto a prefeitura. Seus irmãos, mais
preguiçosos riram e começaram a construir logo suas casas, que esses papos de
regularização a gente resolve depois.
As casas dos irmãos mais novos estava quase pronta e o irmão
mais velho ainda estava na Prefeitura tentando arrumar a documentação
necessária, depois de uma pequena odisséia ele finalmente estava com toda a
documentação em mãos e pronto pra começar a construir sua casa. Enquanto isso
seus irmão já tinham se mudado e estavam providenciando o gato de água e
energia.
Finalmente, depois de uma batalha burocrática ele conseguiu
construir sua casa e ainda foi atrás do Termo de Habite-se. Seus irmãos riram
novamente dele por estar dormindo a luz de velas, pois os técnicos da empresa
de eletricidade ainda não tinham aparecido, os de água, quem sabe até o fim do mês.
Mas depois alguns dias e ameaças junto ao direito do consumidor, o diabo da
casa tava pronta. Enfim. E assim os três porcos tiveram onde morar.
O tempo passou e certo dia apareceu por ali o Sr. Lobo,
fiscal da Prefeitura, vinha atrás de um lugar para construir um condomínio de
casas populares para beneficiados nos programas sociais e olhe que o dito cujo
não achou que achar perfeito o terreno dos nossos porquinhos. Ora, naquela área
não constava como habitacional no plano diretor, logo aquele povo ali era
invasão. E lá foi ele bater na porta do
povo e pedir a papelada.
É claro que os irmãos mais novos não tinham a papelada, não
tinham era nada e até a luz era gato, o Sr. Lobo viu isso e exigiu que ele
abandonassem na hora o imóvel, nada feito dali eles só sairiam mortos, simples,
o Sr. Lobo bufou, soprou e sacou o celular institucional, em poucos minutos a
polícia tava no local, com mandando judicial em mãos e ameaçando arrombar com
tudo. Os irmãos porquinhos chamaram a televisão, apareceram chorando abraçados
no programa policial enquanto a policia botava tudo abaixo. O apresentador e o
povo indignaram-se com a truculência, como sempre, não deu em nada e os porcos
ficaram sem as casas.
O Sr. Lobo tava cheio de si e já chegou botando a banca com
a policia atrás dele na casa do porco mais velho. Indignado com a ousadia o
porco sacou a papelada e praticamente esfregou na cara do Sr. Lobo, esse deu
uma bela olhada e viu que tava tudo em ordem, frustrado mandou a policia ir
embora, pediu desculpas e foi embora. Mas desculpas é uma ova, por que o porco mais velho tinha
feito contatos e tão puto ficou com aquela invasão a sua propriedade que falou
com esse contato e aquela contato lá até que chegou no prefeito em si e ameaçou
processar a prefeitura se eles não lhe vendessem os terrenos de seus irmãos de
volta. Dito e feito o porco comprou os terrenos e mandou refazer a casa dos
irmãos.
Estes vieram contentes e sorridentes ao irmão mais velho
agradecendo o presente e a bondade. Presente onde, cara pálida? indagou o mais
velho. Logo tratou de empurrar o contrato de locação para os irmãos.
Hoje o porco mais velho vive bem de vida como dono de condomínio
e os três irmãos tiveram que arranjar dois empregos pra poderem pagar o aluguel
com água e energia por fora.
Fim.
Gildson Góes
2 comentários:
Eu sabiu que um dia o lobo ia se dar mal, e os porquinhos folgados iam se fuder.Uma fábula transposta para a realidade da "burrocracia" brasileira, eu queria ter escrito isso antes.
P.S:Agora vai fazer o trabalho do teacher bag rsrsrs.
Gostei do vosso blog, Voador ! Agora estamos seguindo pelo mesmo varadouro...
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