O Dia Em
Que O Rock Morreu – Andre Forastieri.
Esse
livro é um epitáfio para o Rock'n Roll escrito por Andre
Forastieri, jornalista com gabarito, foi editor da Bizz, fundou a
revista Herói e publicou diversos livros e mangás através de sua
editora a Conrad, pioneira no ramo dos quadrinhos japoneses no
Brasil, enfim um cara com bagagem pra falar de muita coisa, mas aqui
o assunto foi Rock, sobre o que ele foi, como morreu e como somos
todos um bando de necrófilos por continuarmos nessa teimosia de
acharmos que ele ainda é relevante para o mundo.
Editado a
semelhança de um disco punk, porém conceitual, conceitual porque
dividido em quatro partes que se alinham conceitualmente e seriam
como lados A e B de um disco duplo, punk porque é livro pequeno, de
textos curtos e grossos, daqueles que não deixam a gente ficar
indiferente, daqueles que mexem, irritam, abalam suas estruturas,
seus conceitos e por que não? Te fazem refletir. Ao mesmo tempo que
enterra o rock o livro em si é um celebração ao melhor que o rock
foi, muito mais do que um mero estilo musical, mas um estilo de vida,
de atitude, de filosofia.
Bem
embasado em argumentos o livro nos mostra como o Rock envelheceu,
perdeu seu sentido e sua juventude, virando um estilo elitizado
apreciado por um público restrito que o degusta como um enólogo
desguta vinhos. Um estilo pragmático cheio de regras e tabús.
Forastieri pega tudo isso e joga na nossa cara, um tapa ou um soco,
pode doer, mas vale a pena a reflexão.
Não é a
toa que a capa do livro emula a capa dos Nevermind the bolocks dos
Sex Pistols, o livro é um disco punk, escrachado e pode acreditar
vai causar uma reação em você. São textos espalhados por toda a
carreira jornalistica de Forastieri onde hora ele disseca grandes
ídolos, hora disseca o rock brasileiro, perpassa a história das
revistas, gravadoras e capas de disco e por fim, tudo o que ele já
escreveu sobre o Nirvana, não são crônicas lineares, mas fazem
todo sentido quando organizadas pelo autor.
Para todo
fã ou apreciador de rock vale a pena a leitura deste que já
considero um dos melhores livros do ano, recomendo e recomendarei.
Mas cuidado, é preciso ter mente aberta, é preciso entender o que o
autor quer lhe dizer, principalemente é preciso não ter medo de ter
suas convicções abaladas, pois o autor não tem medo de lhe abalar,
lhe dirá o que quer dizer sem meias palavras como lhe diriam aqueles
rockeiros do passado que não irá voltar mais.
Ghost
Rider – A Estrada da Cura – Neil Peart
Essa não
foi a primeira incursão literaria de Neil Peart, mas certamente foi
a mais dolorosa. Em 1997 Peart era reconhecido como um dos melhores
bateristas do mundo, membro de uma das bandas gigantes do rock o
RUSH, tinha acabado de concluir uma mega turnê do disco Test for
Echo, considero por ele seu auge como baterista, bem de vida, casado,
filha na faculdade, ele era um homem realizado.
Quando a
tragédia se abateu sobre sua vida, levando sua filha, num acidente
de carro e sua esposa, por câncer menos de um depois, sozinho e
abatido Peart só via escuridão em seu futuro, todo o otimismo que
tinha se esvaíra, todo o sucesso, fama, música, nada mais parecia
importar, ainda que vivo a vida parecia acabar, só um coisa lhe
restava, pegar a estrada.
Apaixonado
por viagens, Peart se lançou na Estrada a procura de um sentido, da
vontade de viver, os relatos dessa busca são a matéria de Ghost
Rider, através de narração, diários e cartas que ele escreveu
durante esse período viajamos juntos com eles pelas paisagens do
Canadá, Alasca, EUA e México, todos os lugares onde andou, pessoas
que encontrou, amigos, conhecidos, familiares, enfim toda a história
de suas viagens.
O autor
entrega sem vergonha todos os seus momentos de fraqueza, suas crises
de choro, seus momentos de depressão, mas também relata as pequenas
esperanças que iam surgindo aos poucos, as pequenas vitórias que
iam surgindo, como ele ia reapredendo a amar a vida sem se entregar
jamais as facilidades do vício (ele relata como chegou perigosamente
perto de se tornar um alcóolatra ) e da amargura.
Não é
livro sobre música, há breves comentários, mas nada demais, não
há histórias sobre o Rush, uma ou duas, va lá, basicamente é um
livro sobre viagens, sobre perda, sobre esperança. O livro é
grande, mais de 500 páginas, leitura as vezes pesada, mas um bela
história para quem quer conhecer o homem por trás das baquetas do
Rush, sua visão de mundo e suas convicções.
Um comentário:
Atiçou minha curiosidade sobre os dois livros. Um fala de Rock e o outro de experiência de vida de um dos maiores bateristas de todos os tempos.
P.S. Vou ter que ler, mas só nas férias.
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