Não foi de graça que Chico Fuleiro se tornou uma boa pessoa, sua boas e impensadas ações lhe custaram boa parte da fortuna, entregava o seu dizimo com tanta frequência e tantas vezes por mês que o próprio pastor estava constrangido. Sua obras de caridade deviam ser caras e midiáticas, queria que todo o mundo no mundo inteiro, visse e contemplasse sua conversão. Desse modo milhonários poderiam fazer o mesmo ao redor do mundo e assim Chico Fuleiro fazia sua parte na construção de um mundo mais cristão e fraterno.
Porém...
A nova falta de ambição de Seu Chico Fuleiro lhe custou porcentagens extranbolicas do seu dinheiro, a esposa, o respeito do filho, suas amantes. Ninguém gostou do novo e cristianizado Chico, e assim pouco a pouco sua fortuna, erguida no sangue imoral de uma pequena cidadezinha do interior começou a ruir por terra. Mas Chico estava feliz, finalmente iria vencer o Diabo.
Em sua varanda, com a Biblia Sagrada na mão, mal prestava atenção ao feitos de Moisés, só pensava em como depois de um vida de vícios ainda teria uma confortavel mansão no céu. Nada mais brilhante, bom e correto que isso, seria o homem perfeito, feliz e cheio de graça, passaria a perna no cão e mostraria como era poderosa a esperteza de Chico Fuleiro.
Chico apobreceu, apobreceu, ficou tão pobre, tudo o que tinha vendeu, agora morava num pequeno e minúsculo apartamento, não havia mais glamour, não havia mais mulheres, não havia mais dinheiro, mas tudo valeria a pena, pelo Reino Celeste do Pai. Então o telefonema...
_Seu Chico, a Graça esteja com o Senhor Irmão, você foi aprovado a passar pelo portão do perdão, seus feitos mostram que você está redimido dos seus pecados, venha e liberte-se.
Tão feliz foi Chico ao encontro do seu perdão.
_ Seu Chico! - disse uma voz. Lá estava o Capeta em pessoa.
_ Seu Capeta, sinto muito, mas não estou disponível para ir com o senhor hoje! Nem nunca, vou é para a casa de Nosso Pai Celestial.
_ Isso eu to vendo, mas você ainda não esqueceu nosso acordo, não foi Seu Chico? Sua alma é minha.
_ É coisissima nenhuma, ele é muito é minha e de Jesus, e se o Senhor me der licença tenho um portão pra passar.
_ E se por acaso o senhor não passasse pelo tal portão, afinal, o senhor não se arrepende nenhum pouco do que fez seu Chico.
_ É mas vou passar e ninguém vai me impedir. Fui glorioso, fui rico, fui bondoso, vou agora receber o que eu mereço e você, você Seu Capeta, quero mais é que o Diabo lhe carrege!
_ Mas vai carregar você também Chico, você também.
_ Já não lhe falei que vou passar pelo port.... port... p...
Alí, naquela rua movimentada, carros passavam em alta velocidade e seu Chico parado na borda da calçada encarava a aberração mais feia que já vira na vida. As pernas bambearam, a fala sumiu, o coração foi pra garganta.
_ Buhhh - falou o Diabo.
_ VALHA ME DEUS, NOSSA SENHORA, CRUZ CREDO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Tão aterrorizado ficou o pobre Seu Chico que nem ao menos reparou que sua corrida desembestada o levou diretamente ao meio da movimentada rua. Nem mesmo sentiu a roda da carreta esmagar seu crânio ou que parte de seu cerebro acabou caindo num bueiro, ou ainda, nem mesmo percebeu que seus olhos ainda viam a bestial criatura, o Leviatã, o pesadelos dos pesadelos, ainda que fossem apenas duas esferas oculares girando no asfalto, até que um providencial cachorro os engoliu.
Enfim adeus seu Chico Fuleiro,
foi divertido enquanto durou,
não sei o que houve à sua alma,
se descansa no céu ou se o diabo a levou.
Morreu seu Chico num trágico acidente
os garis lavaram seu sangue
que manchou calçadas e muros
foi enterrado como indigente
Não choremos por Chico Jumento
se achava tão esperto
foi desafiar o diabo
acabou se fudendo.
FIM
Gildson Góes.
2 comentários:
Então aqui está o fim da tragédia de seu Chico Fuleiro, não sei se ficou uma história tão interessante quanto deveria ter ficado, mas se você leu todas as partes e chegou até aqui, espero que tenha apreciado.
Não há moral nenhuma nessa história, na minha opinião, ela nem mesmo tem razão de existir.
Adorei o fim da estória!! Aliás, gostei dela todinha, créu no Chico!
Postar um comentário