Havia uma cidade, na verdade um vilarejo, na verdade um conjunto de cinco ruas interligadas por pequenas e não pavimentadas travessas, aliás, pavimentada mesmo só a principal, a que cortava a cidade no meio, que era a Br, o resto no máximo, tinha um pouco de piçarra. A cidade era pequena, parada e pobre. Toda a vida da cidade se concentrava na Br é claro, por onde passavam carros, caminhões e ônibus. Paravam, lanchavam, iam no banheiro, iam embora. Era sempre a mesma rotina. Era uma vila de certa forma bem esquecida pelos governos locais. Bem, na verdade, isso é uma injustiça, afinal, a BR foi pavimentada e suas margens calçadas, luminárias em formatos europeus agora iluminavam a noite, baquinhos de madeira para a população espairecer com um belo por do sol a tarde, foram fixados e uma pracinha central foi construida, mantendo sem ao menos derrubar uma árvore das que já existiam, a noite não havia coisa mais bonita no pequeno vilarejo do que a pracinha iluminada por luzes alaranjadas, a menina dos olhos da população. Nunca tanta coisa havia sido feita pela bela cidadezinha.
Havia um posto de saúde, só não havia remédios, o médico aparecia lá de vez em quando, mas nas campanhas de vacinação, era sagrado as vacinas estarem lá, essa época não fazia muito sucesso entre as crianças. Havia também uma escola, que havia recentemente sofrido uma bela reforma, tudo ficou arrumado e bem feito, só faltavam os professores. Mas isso nem era lá um problema muito grave. Não havia também muitas crianças.
Essa era um pequeno incoveniente na cidade, ela estava envelhecendo, cerca de 80% de sua população passava dos cinquenta anos, entre os homens e dos quarenta entre as mulheres, os jovens a maioria morava com parentes na capital. Era uma cidade bem parada, sem o que fazer, os velhos na maior parte das vezes passavam o dia sentados nos bancos olhando para o nada e repassando entre si as últimas notícias, os óbitos eram bem frequentes nessas conversas, na verdade, um assunto até certo ponto bem popular. Então o que dizer, a pobre cidade estava morrendo.
Até os velhos já estavam reclamando que não havia nada de diferente pra se fazer na cidade, já haviam cansado do velho Bar do Ruivo, até mesmo cerveja, petisco e futebol nos domingos cansa nessa cidade. Os viajantes vinham, comiam, bebiam, cagavam e iam embora pensando: "nossa que lugar parado", até mesmo o velho (m)hotel do Azevedo fechara. Tudo faltava na cidade, e ela definhava pouco a pouco, com sua população envelhecida e cansada, da rotina, do marasmo, da paz reinante. Nem mesmo lembravam mais a ultima pessoa esfaqueada alí.
Foi nesse clima de tédio desesperador que surgiu Seu Francisco, veterano da cidade, com espiríto empreendedor adquirido em muitas viajens pelo mundo afora. Surge ele com uma idéia que poderia revolucionar o espiríto moribundo da cidade.
Para ressucitar a boa e velha cidade de PARADO.
continua na parte dois "O Empreendimento"
Gildson Góes.
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