Hoje o disco de estreia do Angra, Angels Cry, completa 32 anos de existência. Gravado na Alemanha e cantado totalmente em inglês o disco foi o ponto de partida de um dos mais conhecidos nomes do Heavy Metal brasileiro. Filho de sua época, o álbum é uma mescla de um Heavy Metal muito técnico, composto e executado por músicos profissionais e estudantes de música, com influências de música clássica e (no que é o diferencial da banda) musicalidade brasileira. O resultado foi um disco que marcou sua época e transformou o Angra numa banda que é até hoje referência no estilo.
Musica importada, mas com um toque brasileiro
Como disse antes, o disco é totalmente cantado em inglês, uma característica peculiar do Heavy Metal que mesmo tendo sido adotado como estilo pelos artistas brasileiros continuou a ser cantado, majoritariamente, em sua lingua materna. Além disso, o disco traz diversas marcas da educação formal em música clássica ocidental de seus integrantes: um pequeno trecho de Schubbert abre o disco, Paganini dá o ar da graça em uma citação na música título, Angels Cry, e Vivaldi aparece em determinado momento de Evil Warning. Além é claro do fechamento do disco Lasting Child, feito em duas partes, um power metal cantado em tons altíssimos e uma segunda parte instrumental que, tal qual o Bolero de Ravel, é composta por um tema que vai ser repetindo adicionando mais instrumentos a cada ciclo, encerrando o disco com uma grande orquestração.
Temperando essa salada de músicos do velho continente temos Never Understand onde a banda mostra seus respeitos ao Gonzagão com um trechinho de Asa Branca na sua introdução. Uma pequeno amostra do passo ainda maior que a banda daria no seu próximo disco (tema para outro texto).
O Hino do Power Metal Nacional
Power Metal, e todas as nomenclaturas que ele possa receber, é basicamente um tipo de heavy metal muito rápido, muito técnico e geralmente cantado em tons muito altos (aquele vocal bem agudo), pode ou não está mesclado com a estética da música clássica sejam citações, releituras ou orquestrações épicas na música. É a esse vertente que o Angra se afilia até os dias de hoje e é também a banda que criou a música que é considerada o grande hino do estilo: Carry On!
Tudo começa após um breve arranjo da Sinfonia Inacabada de Schubert, uma introdução perfeita ao espírito musical do disco, então um conjunto de sintenizadores faz a transição do clássico para o metal e entramos nos riffs acelerados de Carry On, primeira música de fato do disco. Sua letra é motivacional, o ritmo é rápido e a melodia é animada e cativante, o refrão gruda na mente e o vocal altíssimo de Andre Matos é um desafio para todos os cantores que até hoje tentam performar a canção. Bem rápido ela se tornou a marca registrada do Angra, presença quase obrigatória no repertório dos show até os dias de hoje.
O Anjo da Consolação
Além do conteúdo musical a capa do disco tambem é uma das mais marcantes do Metal Nacional, uma imagem de um anjo de asas abertas, com a face voltada para um céu vermelho, seja de um por do sol ou do apocalipse, nas mãos um buque de rosas vermelhas e abaixo dele ou dela um vasto e aparentemente infinito trigal. A arte é obra de Alberto Torquato e o anjo da imagem realmente existe. Tem umas quantas imagens desta ou semelhantes a esta no cemitério da consolação na cidade de São Paulo.
Angels Cry, seja você ou não fã de Heavy Metal é um obra que merece sua audição. Não só por ser um disco histórico para o estilo, mas também porque ele expande o estilo para além do seu nicho, seus compositores eram mentes ávidas pela experimentação, ouviam um repertório muito maior que o Metal e queriam trazes todos esses elementos para seu disco. Avidez essa que culminou no que eu considero o disco máximo do Heavy Metal brasileiro, mas isso é assunto para outro texto.
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