“Ô velho do capeta
Tu ta fazendo a gente de besta?”
Bradou Bento enraivecido
Chico acalmou o amigo
“Te acalma bento
Esse velho de trapaceiro tem talento
Mas não posso esquecer a missão
Mandar o Bicho Feio pro cão
Anda sua desgraça
Pede logo tua cachaça”
O velho tomou gole mais longo
Não se fazia de rogado
Esvaziava a garrafa num só trago
“Então meu generoso senhor
Agora lhe conto ainda com pavor
Do que fez o cabra afoito
Agiu que nem um doido
Frustrada a sua vingança
Se voltou contra a criança
A filha mais jovem chamada Esperança.
Bebe ainda novo
Tomou-a nos braços a atirou no fogo!
Que tamanha tragédia!
A mãe ficou histérica
Pulou em cima de Camargo com um grito
E na testa levou um tiro
O filho mais velho pra mata tentou escapar
No intuito de seu pai avisar
Mas para não deixar testemunho ocular
Camargo correu atrás para o capturar
Rápido correu o fugitivo
Mas Camargo foi expedito
Pelos cabelos o agarrou
O ergueu do chão e o degolou
Gostaria muito dessa história continuar
Mas minha garganta seca está”
“Pede mais uma garrafa
Mas me termine agora a história velho canalha
Ou o próximo porre vai ser de bala”
Falou o Moreno apontando na cara do velho a espingarda
Até ele conhecia a fama de Chico Moreno
Mesmo com medo de parecer atrevido
Falou algo que não podia passar despercebido
Devo pedir ao senhor de coração
Se o senhor não se importar
Deixa eu ir no banheiro mijar?”
E não me demore!”
Que preciso fazer o número dois
E pra não ficar me demorando
Conto essa história mesmo cagando!”
“Paulo voltou e viu a matança
Gritou de ódio e quis vingança
Correu num desesperar
Sem perceber Camargo
Na tocaia o esperar
Tão de repente foi o tiro
Que Paulo nem mesmo soltou um grito
E no chão a tombar
Ainda viu Camargo gargalhar
‘Você destruiu minha alegria
Agora mato e você e sua família’
E Paulo morreu afogado em ódio
Na cidade Camargo contava o episódio
Por semanas se vangloriou de seu feito
Até por fim, encontrar o BICHO FEIO!
Ah, meu senhores essa parte é de arrasar
Um clímax de arrepiar
Pois Camargo não esquecia
Da lembrança de Ilza a falecida
E tentava nas mulheres da vida
Apagar aquela paixão maldita
Mas na hora do gozar
A imagem de Ilza o vinha assombrar
E não podia Camargo da mulher desfrutar
Frustrado com sua loucura
Matava a mulher com força bruta
Logo todas temiam seu furor
Mas numa noite de luar
Seu destino Camargo iria encontrar
Pois ao raptar uma rapariga
Uma moça na cidade desconhecida
A levou para mato
Para mais uma tentativa
Mas na hora do vamo ver
Um fenômeno fez seu pau amolecer
Das matas veio um grito medonho
E surgiu um bicho bisonho
E Camargo gritou em seu medo
‘Eita mas que Bicho Feio!’
‘Sou feio e não nego,
Mas pior é tua alma que vou jogar no inferno!’
Replicou-lhe o bicho esquisito
Treplicou-lhe Camargo aflito
‘Mas que lhe fiz eu Seu Bicho
Pra merecer tamanho castigo’
‘Tu me matou mas resolvi voltar
Só para de você me vinga
Você matou a mim e a minha família
Agora deve morre em agonia’
‘Paulo tem piedade
Não me faça essa maldade’
O Bicho Feio riu um riso insano
E das matas veio um pranto
de mortos sem descanso
dos cadáveres assassinados
das mulheres de Camargo
que vinham para o inferno
levar a alma do danado
medroso o homem correu
mas o Bicho o deteu
o pegou com suas garras
e o jogou para as mulheres esfomeadas
e ali o valentão Camargo
foi por suas mulheres devorado
o Bicho Feio ergueu as mãos
e jurou que seria a maldição
de todo o homem valentão
e aqui vou terminar
pois minha garganta seca está!”
“O vei bebo
Pelo menos contou a história direito”
Falou Chico bento
Pois a história lhe estava a contento
Mas me diga onde o Bicho Feio encontrar!”
Lhe direi onde encontrar a criatura
Pois ele ainda mora na casa assombrada
A casa da família assassinada
Mas o senhor esteja certo
Entrar lá é entrar no inferno”
3 comentários:
Bem, o blogger não quis por que não quis postar as estrofes separadas, então vai tudo junto mesmo.
E não percam, o próximo Canto
"A tarde em que Chico Moreno matou Cem homens"
Mortes, ação e nosso heroi botando o dedo no gatilho.
Desculpe o sumiço... Voltei do Beleléu, a 2ª parte da estória tá lá.
Gostei do canto, aliás, toda a linguagem que tu utilizas cai bem.
Muito bom, e cada vez melhor. Creio que esse foi o canto mais longo. Aguardo ansioso os próximos.
Gostei muito da crônica do Silveirinha, gostei principalmente, do nome do Jornalista-Filho-da-puta. Muito bom!
x)
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