quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Um historinha macabra!


Pessoas escondem segredos. Óbvio. Mas e quando esses segredos são descobertos? Alguns são simples e ingênuos e não causam maior estrago, principalmente nos relacionamentos, outros segredos já podem ser fatais quando vêm a luz.

Vejamos o caso dessa família os Costa Almeida, casados há mais de dez anos, não tinham filhos. O senhor Costa Almeida era um típico machão, gostava de beber, de coçar o saco e assistir futebol, não poucas vezes fazia os três ao mesmo tempo. A esposa era do tipo recatada e servil, obedecia inquestionavelmente as vontades do marido, aturava as bebedeiras e as grosserias, quieta e serena.

O Sr. Costa Almeida adorava se gabar de como era ele quem vestia as calças na família, caçoava dos homens que tinham de obedecer suas mulheres, costumava chegar em casa bancando o machão, perguntando pela janta, criticando o feijão. Depois da janta, gostava de sentar em frente à TV e pedir latas e mais latas de cerveja até ficar bêbado e ir desmaiar na cama.

Assim foram os dez anos de casamento dos Costa Almeida, porém um belo dia, ao chegar mais cedo do trabalho a Sra. Costa Almeida ouviu um barulho estranho vindo do quarto, sorrateiramente se esgueirou pela porta e viu seu esposo em pleno coito com a vizinha 15 anos mais jovem que ela! Pego no flagra o Sr. Costa Almeida parou imediatamente, a vizinha pulou da cama agarrada no lençol e a esposa, ainda quieta, retirou-se pra cozinha.

O Sr. Costa Almeida desceu, só com as calças até a cozinha, começou a justificar-se jogando toda a culpa, não nele, não na amante, mas na própria Sra. Costa Almeida, disse que ela não o satisfazia, que era frígida, que estava ficando velha, enfim enumerou uma série de argumentos contra a esposa que embasaram sua atitude e também, dissertou em sua própria lógica, como, por A mais B, ele fora compelido, por culpa dela, ao adultério.

A tudo isso a Sra. Costa Almeida ouviu calada, porém sombria e no fim declarou: “Seu cachorro, canalha. Galinha!”. Mais isso foi demais para o Sr. Costa Almeida, ele não se veria tão indignamente tratado em sua própria casa. “Você vai aprender a se portar comigo mulher!”, foi tudo o que disse antes de começar a sessão de tapas, injurias e socos.

A Sra. Costa Almeida não reagiu, quando por fim terminou, não fugiu de casa, não ligou pra polícia, não gritou para os vizinhos, simplesmente levantou-se e foi tratar da janta, enquanto o esposo voltava para a sala e começava a sua rotina de pedir cervejas até ir para o quarto e desmaiar na cama.

Porém, eu falava de segredos no início dessa história e a Sra. Costa Almeida tinha um. Seu esposo jamais suspeitara que desde jovem ela tinha uma hobby ligeiramente estranho, um segredo bem guardado que ela manteve debaixo do nariz do esposo durante aqueles longos dez anos. A Sra. Costa Almeida tinha, escondida num compartimento da despensa, uma considerável coleção de lâminas afiadíssimas, desde bisturis médicos até uma legítima espada japonesa, além uma pequena biblioteca de livros de anatomia, cuidadosamente lidos e decorados.

O Sr. Costa Almeida não sabia desse segredo, mas naquela madrugada, quando acordou totalmente nu e amarrado a cama, ele o descobriu, do pior jeito que alguém poderia descobrir esse segredo.

A Sra. Costa Almeida evidentemente acabou presa e o que restou do Sr. Costa Almeida foi enterrado no cemitério e dizem que as partes dele (as que acharam) caberiam confortavelmente numa caixa de sapatos, provavelmente foi isso que levou o coveiro a exclamar, quando do solitário enterro do defunto, “Que desperdício de caixão”.
Fim.

 Gildson Góes