domingo, 9 de abril de 2017

Songs of Love and Death - Me and That Man


John Porter (esquerda) e Nergal (direita)
Pra quem está acostumado a ouvir Nergal pesado e extremo como líder da banda de Death Metal Behemoth certamente achará estranho e inusitado seu novo projeto Me and That Man. Aquele homem do título trata de um artista do folk chamado John Porter. Juntos ambos trazem luz (ou sombras) a um projeto com influencias como Johnny Cash e Leonard Cohen (repare na semelhança com o clássico Songs of Love and Hate). 

O resultado de um músico de death metal polonês fazendo música tipicamente americana não poderia ser melhor. Songs of... é possivelmente um dos melhores lançamentos do ano. Ao escutar o disco se tem a impressão uma gravação realizada no sul do Estados Unidos, mais provavelmente em Nashville. Temos country sombrio em My Church is Black, que soa como se Johnny Cash tivesse perdido a fé e se revoltado contra Deus; temos blues em Nightride, Shaman Blues, Magdalene, etc.; temos o garage rock de Better The Devil I Know e da canção título Love & Death. Sem um sinal de gutural, Nergal solta um vozeirão grave e profundo, um Cash das trevas, que casa perfeitamente com a voz mais rasgada e áspera de John Porter. 

A temática das letras, não muito diferente do próprio Behemoth, continuam sombrias, blasfemas e despudoradas, afinal que outro artista bota um coral de crianças pra cantar tal refrão:

We aint coming for forgiveness
We’re not paying for our sins
We betrayed you our sweet Jesus
We have chosen hell on earth

Nunca o despudorado deboche de Nergal ao cristianismo soou tão belo quanto nesse disco. Não deixe de conferir.

sábado, 1 de abril de 2017

Resenha - Emperor of Sand do Mastodon


Com um dos melhores trabalhos de vocal de sua discografia, além dos tradicionais peso, técnica e groove, que são marca registrada do Mastodon, esse novo disco supera seu antecessor, embora, do meu ponto de vista, não supere a excelência de The Hunter.
Emperor of Sand traz um toque mais melódico às canções, que longe de lhes tirar o peso, enriquece-as dando ares ora épicos (Jaguar God), ora introspectivos (Roots Remain). Conta ainda com a canção mais pop da banda "Show Yourself", cativante à primeira audição.
Há uma utilização maior dos vocais do baterista Bran Daylor, mais limpos, além do que Troy Sanders (baixo) e Brent Hinds (Guitarra) ambos vocalistas também, aliás os principais vocalistas na fase inicial da banda, vêem reduzindo o gutural e cantando mais limpo. O que pode tirar a agressividade do som, por outro lado abre horizontes pra banda explorar seu lado mais pop e produzir hits mais palatáveis para quem não é iniciado ao som.
Arrisco a dizer que esse é o disco mais leve da banda, ainda que soe como uma pedrada pra quem não é do meio do Heavy Metal, e o Mastodon parece contente em seguir por esse caminho. E eu tenho me agradado demais com esse viés, embora adore a primeira e mais agressiva fase da banda (dica: é ótimo pra se exercitar), essa nova fase tem mostrado que os músicos, além de competentíssimos compositores de Metal, também são ótimos compositores de melodias.
Gostei e recomendo.