segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Balada de Chico Moreno e o Bicho Feio - Canto Sexto parte 2

Chico Moreno puxou as armas
Mandou logo umas quatro balas
Derrubou três camaradas
Em resposta lá veio uma saraivada
Da multidão ainda embasbacada.

Chico Moreno e seus amigos
Se esconderam dentro do bar
Pra não morrerem com tanto tiro
Mas nosso herói não aceita de desaforo
Da sua arma veio um pipoco
Lá se foi mais quatro tiro
E em resposta quatro grito.

Passou a arma pra Tadeu
Que logo o atendeu
“Recarregue sem demora
Enquanto atiro com a outra pistola”
E assim a batalha continuava
Secava a pistola
Tadeu a carregava.

“O bar vamos cercar
Pra infeliz não escapar!”
Ordenava o Sereno
“É a melhor a gente parar
Esse sujeito vai é nos matar!”
Replicou um homem tremendo.

“Deixa de tremer seu corno manso
E vai logo fazer o que mando!”
Gritou o Sereno furioso
E la se foi o bando medroso.

O moreno não dava descanso
Era toda hora atirando
E os defunto se acumulando
Os homi tudo afrouxando
O cerco tava ficando bambo.

O Sereno viu que ia da em merda
Resolveu por logo fim nessa baderna
“Oh Chico Moreno!
Quem lhe fala aqui é o sereno”
Vem cá pra fora
Vamo resolver isso e ir logo embora!”

Por um minuto faltal
Houve um silêncio sepulcral
Todos os olhos fixos no bar
Pra ver no que aquilo ia dar.


Com um grito infernal
Surgiu o Moreno mortal
As armas disparando
Quem estava na frente ia matando

A multidão ficou em polvorosa
Desesperou-se a gente medrosa
Era uns “Ai Meu Deus” e “Ave Maria”
Nunca se viu tão bizarra gritaria

Nenhuma bala de Moreno se perdia
Nunca se viu tão boa pontaria
Os homens desesperados
Corriam desembestados
Mas perto ou longe
Por Chico eram alvejados.

Alguns tentaram revidar
Mas a Chico não conseguiam acertar
Sempre batiam no alvo errado
Parecia que o homem tinha corpo fechado

Vendo Chico que ainda tinha muita gente
Resolveu bolar um plano inteligente
Fingindo-se amedrontado
Correu ao armazém desembestado
O Sereno riu-se todo
Até mesmo o Moreno era medroso.
Resolvido ordenou
E todo mundo junto no armazém entrou.

Porém lá dentro a Chico não encontraram
Em todos os cantos procuraram
O Sereno ficou cismado
De armadilha estava desconfiado
Num repente fecha a porta
E o povo ficou encurralado

Chico Moreno com muita destreza
Escapou do armazém na sutileza
Mas não sem antes preparar armadilha pavorosa
Deixou aceso lá dentro um barril de pólvora.

Imensa foi a explosão
E o armazém todo foi ao chão
E voou pedaço de madeira e vidro
Quem viu correu aos gritos
Fogo logo se espalhou
A cidade toda incendiou
E enquanto ela ardia
A população toda fugia

Quando a tragédia terminou
Apenas o bar em pé restou
De lá saiu o velho embriagado
Ao ver seu lar incendiado
Caiu de joelhos e gritou desesperado
Mas num olhar mais apurado
Viu que algumas moedas tinham se salvado
Alegre o velho as pega e corre
Volta ao bar e toma outro porre.

Chico Moreno e companhia
Rumo a floresta seguia
Pra achar o tal varadouro assombrado
“Chefe incendiar a cidade foi meio exagerado”
Perguntou Tadeu impressionado
“Em terra de homem cagão
Não se tem consideração”
Disse o Moreno encerrando a questão
“E agora vamo se embora
Ou o narrador não termina mais essa história”.

Gildson Góes.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O Jogo Do Bicho


Tudo estava preparado: a cachaça, o charuto e um plano. Tinha que dar tudo certo, afinal o jogo do bicho já era no dia seguinte, não tinha nenhuma idéia de qual animal apostar, e até que o prêmio era uma boa grana.
Embaixo da mangueira à meia noite de lua cheia os amigos estavam de prontidão, a oferta e o livro com as instruções, aparentemente tudo certo. Um dos rapazes começou a oração de invocação, enquanto o outro treinava o diálogo. Após a quinta citação da oração, já perdendo as esperanças, algo estranho começa a acontecer: a noite fica mais fria, um vento com aroma de cinza e pólvora circula por entre eles, e de repente um clarão! Ambos fecharam os olhos, e quando os abriram avistam aquela aparição! Um homem alto, músculos definidos, trajava calças militares e um rifle a tira colo, sem blusa e uma boina na cabeça. Era o que os rapazes estavam esperando.
“Que sorte!” Pensou um deles. Às vezes era necessária mais de 20 tentativas, e talvez nem desse certo, mas eles conseguiriam invocar o Soldado!
- O que vocês querem? Pergunta o soldado - E com o pavor de ver aquele ser que não era humano, todo o ensaio do diálogo sumiu da cabeça, só o que restava era o medo.
- na..na.. nada não.
E com um semblante diabólico, o Soldado mudou sua feição e como um rugido ordenou: - então saiam daqui!!!!!!
Às pressas os meninos saíram tropeando sem olhar para trás. Nunca mais inventaram de saber o resultado do jogo do bicho por meio desconhecidos.

POr Elynalia Lima

Como prometido estou aqui ^_^
A origem para essa historinha foi de um acontecimento contado por Jaime Tyrietê, um índio da tribo Kaxinauá quando ele ainda não sabia que era índio e morava em Fortaleza. Aí eu fiz algumas alterações e ta aí ^_^.
Também pretendo manda-la pro Terror Zine

terça-feira, 11 de novembro de 2008

As Rosas Vermelhas.

Num dia chuvoso um casal andava vagarosamente pelo parque. Camila e Flavio eram seus nomes. Camila não fazia a mínima idéia do porque deveriam passear naquele frio, ambos molhados e tremendo, não era o tipo de diversão que ela curtia. É aqui, anunciou ele, O que fazemos aqui, perguntou ela. Havia uma bela roseira branca. As flores não murcharam mesmo sob os pingos de chuva. Uma poderosa planta, pensou Camila, e de uma beleza contagiante também. Flávio catou uma rosa e lhe deu. O espinho da rosa cortou seu dedo. Uma gota de sangue caiu e tingiu a pétala de uma flor, mas esta logo absorveu o sangue, e somente o mais perfeito branco restou. Camila estranhou aquilo. Essa flor representa o amor, que nem mesmo a morte pode abalar, falou Flávio, mesmo morta eu a amo. Mas não estou morta, respondeu Camila. E eu não falava de você, ele olhou para a roseira. Você ama uma roseira? Perguntou ela olhando na mesma direção, mal pôde conter o grito, dentro da roseira havia olhos, de um vermelho faminto, braços ensangüentados a puxaram para dentro, os espinhos rasgaram sua carne e a fizeram verter sangue, mas Camila teve certeza que eram dentes que o sugavam. Quando a chuva passou as rosas estavam vermelhas.

Gildson Góes.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Balada de Chico Moreno e o Bicho Feio - Canto sexto, parte 1

De como Chico Moreno, em uma tarde, matou cem homens.

Meus senhores e minhas senhoras
vou cantar a segunda parte dessa história
mas antes devo cantar esse episódio
por ser feito muito heróico.

Mal sairam Chico Moreno e companhia
para o forte e quente sol do meio dia
ouviram misteriosa gritaria
e viram se aproximar multidão enraivecida

vinham homens até os dentes armados
com espingardas, pistolas e até mesmo machados
vinha a frente um homem com cara de brabo
pra fazer com Chico Moreno um certo trato

"Oh famoso Chico Moreno
Eu sou Alberto Sereno
precisamos ter um conversação
pra que você desista dessa missão"

"E o que lhe faz pensar senhor Cristão
Que vou desisitir de missão"

"Acontece que aqui o Bicho Feio é amigo
nos livrou dos machões e do perigo
nós agora vivemos em paz
viver com medo não queremos mais
mas se o senhor vem ao Bicho Feio ameaçar
aqui mesmo vamos te matar!"

"Que bando mais corajoso
feito só de homem medroso
- replicou o Moreno desdenhoso -
que pra matar só um cidadão
é preciso montar um cento de multidão.
Então se querem me matar,
venham, pois pra cova vos irei mandar!"

Foi assim que começou o heroico tiroteio
de Chico Moreno com aqueles
que tinham o Bicho Feio como padroeiro
e pra que não se tire crédito de minha canção
cantarei como ocorreu a ação"

Gildson Góes.