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Mostrando postagens de julho, 2008

Os Fiados de Seu Francisco. Parte 5 - Em que nossos personagens encontram seu fim.

E para fechar o mês...... Ainda lembrava seu Francisco, das gloriosas noites de choperia, dos porres homéricos, das conversas altamente intelectuais, dos risos, das alegrias, da movimentação que havia naquela cidade desde a fundação do empreendimento. Dos domingos de futebol, da sexta de música ao vivo, tudo era agora apenas um lembrança de Seu Francisco. Passou o resto de seu dias a beber e relembrar do mais precioso momento de sua vida. _ Jamais uma cerveja será tão boa quanto a da minha choperia. - falava seu Francisco. Ele cansou da cidade e de seus reclamantes cidadãos, foi-se embora para a cidade grande. Lá virou um velho bêbado e amargurado que caminhava pelas ruas, com uma buchudinha na mão, pedindo esmolas e pratos de comida e falando da lenda que ele era. _ Nunca, nunca aquela cidade ingrata viu uma Choperia como a minha. Eu me tornei uma lenda entre os botequeiros, eu ousei fazer o melhor ponto de bebida daquele interior e fui traiçoeiramente enganado. Ingratos, velhacos. Qu...

Os Fiados de Seu Francisco. Parte 4 - Falência

_ Mah rapá Seu Ruivo. - falou Raimundo. - Tu tava era muito do seu enganado ta sabendo, o Seu Francisco é gente fina. Fiou a noite toda pra nóis. _ Num é. Aquilo é homem com coração de ouro. - falou Antonio. _ Coração grande que não cabe no peito. Tão generoso nunca vi. - falou Tião. _ E quando os senhores pensam em pagar? - perguntou o Ruivo. - Afinal de contas, fiado não é dado, e aí? _ Ora, pois no fim do mês o dinheiro todo estará nas mão do Francisco, num é não? - falou Raimundo. _ É mermo. - falou Antonio. _ Pois num é. - falou Tião. Ora, a semente maligna do ruivo já estava lançada. Ninguém distribuiria cerveja no seu monopólio, e se ele era visto como ambicioso e mão de vaca e Seu Francisco como generoso e mão aberta, pois então ele mostraria como mão aberta de seu Antônio o levaria a queda. Naquela noite o próprio ruivo foi à Choperia de O Ciclista Bêbado e durante toda noite bebeu fiado. _ Deixe estar seu Ruivo, bem sei que seu boteco anda meio ruim de freguesia, acho até que...

Os Fiados de Seu Francisco. Parte 3 - O Sucesso.

A choperia "O Ciclista Bêbado", já nasceu em berço esplêndido desde sua concepção. Acontece que seu dono aconteceu de ser Seu Francisco, e acontece de Seu Francisco ser um homem de visão. Isso quer dizer que, ao invés de ter montado mais um boteco. Ele realmente montou uma área de lazer alcoolico de luxo. Algo nunca antes nem ao menos imaginado pelos bons cidadão de Parado. Ela ficava logo no início da cidade, exatamente no cume de um morro, propriedade que Seu Francisco sempre pensou em utilizar na vida, mas nunca antes havia achado uma boa razão. _ Mas por que raios logo aqui Francisco, num é melhor perto do ponto de ônibus pros turistas. - perguntou Seu Raimundo. _ Deixe meu amigo. - respondia sorridente o seu Francisco. - Esta vai ser a noite de inauguração, e aí vocês vão ver. _ É? Mas por que? _ Você vai ver, você vai ver. Ora, o motivo pelo qual nosso personagem principal sempre achou que aquele lugar lhe daria futuro apresentou-se naquela noite, no formato de uma lua ...

Os Fiados de Seu Francisco. Parte 2 - O Empreendimento.

Foi um único momento, um lampejo, uma visão, que levou seu Francisco a realizar seu empreendimento. Foi uma situação que este vivenciou em mais um de seus tediosos dias, esperando pela morte. Foi uma frase, que mais tinha chacota que de sugestão. Nem mesmo devia ser uma critica construtiva, apenas um desabafo de uma vaijante vagabundo e cansado. Nada mais, mais foi o estopin para Seu Francisco. Quando naquele dia escaldante, chegou aquele viajante, um vagabundo vagando pelo mundo. Que por coincidência parou naquela cidade, em sua bicicleta importada, chegou ao bar do ruivo e pediu uma cerveja para amenizar o calor, aquele viajante que sessenta quilômetros adiante, encontraria seu destino embaixo de algumas toras de madeira de um caminhão não licenciado, nas mãos de um motorista cansado. Ele bebeu seu gole e falou, a todos que queriam ouvir. _ Lembro-me, senhores, que na minha cidade havia uma choperia, com bebida geladinha, som ambiente de qualidade, tv para o futebol, maço de cigarro ...

Os Fiados de Seu Francisco. Parte 1 - O Lugar.

Havia uma cidade, na verdade um vilarejo, na verdade um conjunto de cinco ruas interligadas por pequenas e não pavimentadas travessas, aliás, pavimentada mesmo só a principal, a que cortava a cidade no meio, que era a Br, o resto no máximo, tinha um pouco de piçarra. A cidade era pequena, parada e pobre. Toda a vida da cidade se concentrava na Br é claro, por onde passavam carros, caminhões e ônibus. Paravam, lanchavam, iam no banheiro, iam embora. Era sempre a mesma rotina. Era uma vila de certa forma bem esquecida pelos governos locais. Bem, na verdade, isso é uma injustiça, afinal, a BR foi pavimentada e suas margens calçadas, luminárias em formatos europeus agora iluminavam a noite, baquinhos de madeira para a população espairecer com um belo por do sol a tarde, foram fixados e uma pracinha central foi construida, mantendo sem ao menos derrubar uma árvore das que já existiam, a noite não havia coisa mais bonita no pequeno vilarejo do que a pracinha iluminada por luzes alaranjadas, ...