quinta-feira, 7 de maio de 2009

Um conto civilizado. Parte 2

Num belo dia de sol, o cidadão comum resolveu ir banco retirar lá uma certa quantia em dinheiro, após efetuar a transação, sem mais que fazer por ali, saiu do banco. Já na rua ao sentir a quentura do sol queimar-lhe o rosto, reparou que seu dia comum não estava tão comum assim.

Uma certa senhora, não se sabe nem nunca saberemos quem, deixou cair no chão uma bolsa, e dentro parecia haver uma certa quantidade em dinheiro. Ora, a primeira reação do cidadão comum, sendo ele também cidadão de bem, foi devolver o dinheiro. Mas não foi isso que fez.

Ele já sabia histórias do programa policial de esquemas onde os bandidos usavam uma mulher que deixava cair um dinheiro no chão, dai o otário ajudava, ela oferecia recompensa, levava o otário para um lugar misterioso e por fim assaltava o cara.

Temendo ser pego nesse famigerado golpe, pensou o cidadão comum em pegar o dinheiro para si, porém parou e pensou: sou cidadão de bem. Além do que cogitou também o risco dos bandidos virem atrás da bolsa, muito fulos da vida pelo fato de além do golpe não ter dado certo terem aplicado num metido a esperto. É, pensou, pegar a grana era arriscado.

Mas também não podia simplesmente deixá-la ali, se não ia ficar com cara de mané, quem é que deixa passar tanto dinheiro assim e não toma uma atitude, ainda que fosse doido até que faria algum sentido, mas sendo são e em pleno dominio das faculdades mentais sentia como que uma obrigação em tomar uma posição em relação aquilo.

Sem decidir ser era golpe ou não, se pegava ou não pegava o dinheiro, decidiu a unica coisa que podia decidir. Pegou uma garrafa de pinga que trazia numa sacola (afinal era sexta e ninguém é de ferro) derramou em cima do dinheiro e jogou ali um fósforo aceso. Dinheiro e bolsa queimaram juntos. E o cidadão comum deu o assunto por resolvido.

Gildson Góes.

3 comentários:

Samuel Bryan disse...

em qual parte realmente o termo "cidadão comum" pode ser levado a pé da letra?
hahahaha
gostei, Gil, desse eu gostei mesmo!

Gildson Goes disse...

Valeu

tenho lá meus momentos.

hahahhhhaha

Elynalia disse...

então das outras vezes tu não tinha gostado de verdade Samuel?
olha que assim Deus não te chama lá no céu heim
kkkkkk