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Death Note (2017)

Light Turner é manezão
A verdadeira musa sociopata do filme.
Como você utilizaria um caderno que tem o poder de matar pessoas? Essa questão é crucial para compreender a diferença entre a produção norte-americana de Death Note da Netflix e o original japonês. Vamos lá: opção 1: você não mata ninguém conhecido, monta um esquema baseado em noticiários de televisão, monta um esquema inteligente para que ninguém descubra seu caderno ou Opção 2: você mata seu colega de escola, executa uma vingança pessoal com ele e o mostra pra aquela garota que você é afim, mas nunca falou com você.

É nesse esquema que reside a maior fraqueza de Death Note, seu protagonista e também vilão, Light Turner é um jovem bastante mediano que recebe um grande poder e não sabe muito bem como lidar com ele, seu duplo animado japonês é um jovem gênio sociopata que decide criar um mundo novo executando bandidos da solidão de seu quarto e jamais duvida da justiça de seu comportamento e não tem um pingo de remorso em executar quem se coloque no seu caminho. Já o jovem Light Turner sofre várias crises de moral, exita em matar policiais ou pessoas que considere inocentes.

Essa alteração é importante dado que boa parte da diversão do anime é que se tratava de uma trama novelesca envolvendo dois gênios, Light Yagami de um lado e o detetive esquisitão L do outro, ambos interpretando a consagrada rixa Sherlock Holmes vs Dr. Moriarty onde a cada episódio uma nova reviravolta gradativamente os ia deixando mais próximos um do outro.

O filme decidiu não seguir por esse caminho. Primeiro que o drama principal ocorre entre Light e sua namorada Mia, essa sim a verdadeira psicopata da história, não demora para que a parceria amorosa entre eles se transforme em tensão e depois em rivalidade, no meio desse "quiprocô" entra L, bem fiel ao seu homônimo no mangá, mas reduzido aqui a um catalisador da tensão entre o casal assassino.

A melhor coisa do filme é certamente Mia, adaptação da personagem original, Misa Amane, se no anime era uma personagem totalmente fetichizada: nova, mentalidade infantil, esbanjando sensualidade de uma mulher madura e totalmente submissa à Light Yagami. Aqui é uma personagem de personalidade forte, psicopata ainda maior que Light Turner, praticamente é dela a ideia de limpar os criminosos do mundo e ela que fica mais obcecada pela missão. A segunda melhor coisa foi Willen Dafoe como Riuk, o deus da morte metaleiro, um dos castings mais adequados da história do cinema.

O estilo folhetim da série original, com uma reviravolta nova a cada episódio foi substituído pela linguagem de videoclipe: frenético, com muita informação sendo jogada a todo instante. Sabe aquelas cenas longas em que os personagens delineiam suas estratégias na mente do original, aqui não tem nada disso.

Mas ao final não é um filme de todo ruim. É uma aventura adolescente razoável para as novas
gerações.

Ps. caso você queira conhecer a melhor versão de Death Note não deixe de pesquisar os dois live actions japoneses Death Note e Death Note - Last Name que adaptam toda obra de forma concisa e na minha opinião com o melhor final de todos.

Deus da morte ou membro do Mötley Crüe?

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