Uma boa pedida de leitura para esse dia de Halloween é a coletânea os Livros de Sangue de Clive Barker. Celebrado por Stephen King como o futuro do horror nos idos anos 80 quando marcou sua estréia na literatura, hoje, Barker já é um clássico e galgou seu lugar entre os mestres do estilo. Várias de suas histórias já ganharam as telas de cinema, sendo que pelo menos uma delas, Hellraiser - Renascido do Inferno, alcançou o status de ícone pop do terror com seu vilão Pinhead.
Mas neste texto gostaria de falar sobre Os livros de sangue sua antologia de contos de terror, que para mim é uma das obra mais marcantes do estilo. Um clássico dos nossos tempos cheio de histórias chocantes, macabras, surreais e também, creiam ou não, divertidas. O autor não se prende a um estilo ou tema são histórias envolvendo serial killers, monstros ancestrais, demônios, lendas urbanas, fantasmas, sexo e desejo, enfim tudo pode virar um conto de horror na viva imaginação de Barker.
A Estrada dos Mortos
Mais que uma mera coletânea de horror, existe uma pequena trama de amarração nas histórias que compõem os livros de sangue.
Certo dia um farsante que ganhava a vida fingindo ser médium é encontrado pelos espíritos do mundo dos mortos que, cientes e irados com suas falcatruas, decidem tornar real o que o pilantra apenas fingia, uma conexão com o mundo dos vivos. Os mortos decidem usar a própria pele do farsante como papel e seu sangue como tinta para contarem as suas histórias. Assim, atacado por centenas de mãos invisíveis, em dor e agonia o farsante é transformado, ele mesmo, num livro vivo de sangue.
Partindo dessa premissa nós iremos conhecer as histórias contadas pelos mortos, por serem ao todo 30 histórias, vou me limitar a uma pequena sinopse das minhas favoritas na esperança de atiçar a curiosidade do meu leitor.
Livro 1 - O Trem de Carnes da Meia Noite
Um trabalhador de escritório chamado Leon Kauffman, voltando para sua casa, acaba por adormecer no metrô a noite e descobre que seu trem não estava indo para nenhuma estação conhecida. Para piorar se descobre preso com um serial killer que esfola e pendura suas vítimas como carnes de frigorifico. Em sua busca desesperada por sobrevivência Kauffman acaba descobrindo segredso ainda mais sombrios na escuridão dos túneis do metrô de Nova York.
Livro 2 - Pavor
Nesse conto, Clive Barker mostra o medo em sua forma mais cruel. Steve, um universitário curioso, se envolve com Quaid, um colega obcecado por entender o terror humano — e o resultado é puro pesadelo. Depois de confessar ter torturado uma colega vegetariana até ela comer carne podre, Quaid transforma Steve em seu próximo experimento: o tranca num quarto escuro, forçando-o a reviver traumas da infância até enlouquecer. Quando foge, irreconhecível e tomado pela loucura, Steve busca vingança — e o medo de Quaid se torna real.
Livro 3 - Rawhead Rex
Clive Barker leva o terror para o interior da Inglaterra, onde um monstro ancestral é libertado por acidente e transforma uma vila pacata em um verdadeiro banho de sangue. Rawhead, uma criatura gigantesca e demoníaca, espalha destruição, devora pessoas e até corrompe o sacristão da igreja para servi-lo. No meio do caos, o morador Ron Milton descobre — graças às últimas palavras de um vigário moribundo — que a única coisa capaz de deter o monstro é um antigo talismã em forma de mulher grávida, símbolo daquilo que Rawhead mais teme. A história ganhou um filme em 1986, com roteiro do próprio Barker, que depois renegou a adaptação — e com razão: o terror visceral da história original acabou virando quase uma caricatura.
Livro 4 - Revelações
Um mistura terror sobrenatural com drama psicológico num daqueles contos que deixam o leitor dividido entre o real e o delírio. Virginia é arrastada numa viagem sem sentido pelo marido, um pregador hipócrita e abusivo, até um motel de beira de estrada — o mesmo onde, décadas antes, um casal de fantasmas, Buck e Sadie, viveu uma tragédia sangrenta. Quando os mortos percebem que Virginia pode vê-los, o caos começa: ciúmes, traições e surtos se cruzam até culminar num tiro fatal. Uma história de possessão, loucura e libertação — tudo no melhor estilo sombrio e sarcástico de Barker.
Livro 5 - Candyman
Uma simples pesquisa acadêmica se transforma num mergulho aterrorizante no folclore urbano. Helen, uma estudante curiosa e ousada, decide estudar grafites em um conjunto habitacional decadente — mas o que parecia um trabalho de campo comum vira um pesadelo quando ela se depara com a lenda do Candyman. Conforme Helen investiga, percebe que a lenda pode estar por trás de uma série de crimes brutais e mutilações, e o medo começa a se misturar com a obsessão. No fim, ela encara o próprio Candyman — e o limite entre mito e realidade se desfaz completamente. A história deu origem aos filmes “Candyman” (1992) e “Candyman” (2021), que ampliaram o mito e o tornaram um ícone do terror moderno.
Livro 6 - A Última Ilusão
Em “A Última Ilusão”, Clive Barker mistura mágica, ocultismo e puro terror em uma história que parece saída de um pesadelo noir. Tudo começa com a morte misteriosa do ilusionista Swann, empalado por seu próprio truque com espadas. Antes de morrer, ele deixa um pedido urgente para que seu corpo seja cremado o quanto antes — e sua esposa, Dorothea, desconfiada de que há algo sombrio por trás disso, contrata o detetive Harry D’Amour, famoso por lidar com o sobrenatural. Logo, D’Amour descobre que Swann não era só um mágico habilidoso, mas alguém que tinha feito um pacto real com demônios em troca de poder. Com a ajuda de Valentin, o assistente demoníaco de Swann, ele tenta impedir que as forças do inferno recuperem o corpo do ilusionista. O conto não só apresenta um dos personagens mais icônicos de Barker, como também inspirou o filme “Lord of Illusions” (1995), dirigido pelo próprio autor.
Ao final a história de amarração fecha com o conto Na rua Jerusalem onde conhecemos o fim do farsante do primeiro conto.
Se você curte histórias de terror que vão além do susto fácil e mergulham em medos profundos, “Os Livros de Sangue” são leitura obrigatória. Clive Barker não escreve apenas sobre monstros — ele fala sobre o que há de mais sombrio na alma humana, misturando o grotesco com o poético de um jeito que só ele consegue. Cada conto é uma viagem perturbadora e fascinante, cheia de reviravoltas, personagens marcantes e aquele tipo de horror que fica na cabeça por dias. Então, se você acha que já viu de tudo no gênero, prepare-se: Barker vai te provar que o verdadeiro terror começa quando a última página é virada.
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