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Postagens

Mostrando postagens de 2017

Os melhores de 2017 segundo o Seringueiro Voador

Fechando o ano de postagens no blog bastante satisfeito devo dizer. Muito texto ficou por ser publicado, muitos começaram, mas terminaram no limbo dos rascunhos, ainda assim, foi o melhor ano do blog desde 2009. Ano que vem completamos um ano de blog e pretendo escreve ainda mais que neste ano.  Olha, não sei se você é leitor fiel aqui ou está passando pela primeira e última vez, mas se for leitor constante, muito obrigado! Tentarei melhor ano que vem.  Fim de ano é época propícia para relembrar tudo de interessante que aconteceu esse ano, mas que por uma coisa ou outra acabou passando batido, geralmente eu faço isso relacionado a música, área com a qual tenho mais afinidade em escrever e de fato a área que eu mais tenho acesso a novidades. Esse ano vou falar de música, cinema, literatura, televisão e tudo de legal que aconteceu no âmbito cultural ao qual eu tive acesso. A lista que segue não tem pretensões de realmente dizer o que foi MELHOR no ano corrente, mas ...

From the Fire - Greta Van Fleet

O Greta Van Fleet, banda de rock americana formada em 2012 pelos irmãos Josh Kiszka, Jake Kiszka, Sam Kiszka, além do baterista Danny Wagner, foi uma das grandes revelações deste ano. Primeiro por seu EP de estréia "Black Smoke Rising", de 2017, onde a banda mostra uma hard rock poderoso, cativante e uma semelhança absurda com o Led Zeppelin. Dos riffs de guitarra, perpassando as viradas de bateria, as notas de baixo e principalmente os timbres vocais de Josh, assustadoramente parecidos com o do jovem Robert Plant.  A banda soa com o Led dos primeiros anos, particularmente o dos discos Led Zeppelin II e III, mas a força e qualidade das canções é tão grande que não parece uma cópia barata, a sensação é mais como ouvir material inédito do próprio Led. Exceto a canção título, que é um ponto fora da curva, todas as demais, a saber: "Higway Tune", "Flower Power" e "Safari Song" são puro Led Zeppelin redivivo.  Recentemente a banda lançou um...

Somos como o sonhador que sonha e então vive dentro do sonho

Nunca fui fã de Twin Peaks até este ano quando resolvi enfim assistir a série para poder acompanhar os acontecimentos da recentemente lançada terceira temporada e já considero a melhor série do ano e pessoalmente a melhor série que já assisti. David Lynch e Mark Frost, criadores da série são geniais e Lynch especialmente ao dirigir todos os espisódios desta terceira temporada como um enorme filme. O que fascina em Twin Peaks é que por um lado a série é uma novela, tal como aquelas da globo ou ainda como a série Game of Thrones, há mocinhos e vilões, tramas e traições, dramas e romances, mistérios e reviravoltas. Por outro lado desafia padrões de narrativa ortodoxos com personagens estranhos, silêncios constrangedores e situações oníricas que fazem duvidar da noção de realidade. Twin Peaks é um obra de fantasia, terror, ficção científica, comédia, tudo ao mesmo tempo. Difícil de definir, mas fácil de amar. A história que começa como uma noveleta de suspense policial onde o agent...

A Coisa, enfim uma adaptação decente de Stephen King

It ou A Coisa é um dos maiores clássicos do autor norte americano Stephen King. Um tijolaço que varia de 900 e tantas à mais de mil páginas dependendo da edição, a minha tem menos de mil, mas uma letra do tamanho de bula, lê-lo, aos quinze anos de idade, foi quase uma malhação pros bíceps. Pra quem gosta de terror, fantasia e prolixidade o livro é um deleite. Eu adorei quando o li, até chegar ao final, mas disso falaremos em outro momento. A sinopse de It no livro começa falando de uma cidade assombrada no Maine onde sete crianças conheceram o terror pela primeira vez. A tal cidade é Derry uma pequena e pacata (pero no mucho) cidade do interior norte americano, aquele tipo de lugar idílico onde todo mundo se conhece e vive num ambiente de suposta tranquilidade e boa vizinhança. Mas tal tranquilidade é apenas uma fachada, uma presença aterrorizante vive nos subterrâneos de Derry, se alimentando de crianças e medo e as sete crianças, também conhecidos como o clube dos perdedores, s...

O Nevoeiro 2017

O Nevoeiro é um dos melhores contos de Stephen King. É a abertura da sua segunda antologia de contos chamada Tripulação de Esqueletos. Enorme como ele só é quase um livrinho separado dentro da antologia, merecendo até divisão em capítulos. Anos mais tarde foi transformado num filme melhor ainda pelas mãos do mestre Frank Darabont que já adaptou com maestria outras duas obras de King, a saber, Um Sonho de Liberdade e À Espera de Um Milagre. Mais cruel, mais visceral e pessimista que a própria obra escrita, o filme é um primor, o próprio autor reconheceu a reviravolta final de Darabont no filme superou a sua no livro. E então veio a Netflix... Eles não destruíram a obra, quem quiser uma excelente experiencia em fantasia, terror e tensão, pode buscar as obras referenciadas ali em cima. Porque com certeza não é o que vocês vão encontrar na versão na Netflixiana da obra. Aparentemente, sem dinheiro para fazer um Nevoeiro decente, os produtores da série resolveram focar nos as...

Death Note (2017)

Light Turner é manezão A verdadeira musa sociopata do filme. Como você utilizaria um caderno que tem o poder de matar pessoas? Essa questão é crucial para compreender a diferença entre a produção norte-americana de Death Note da Netflix e o original japonês. Vamos lá: opção 1: você não mata ninguém conhecido, monta um esquema baseado em noticiários de televisão, monta um esquema inteligente para que ninguém descubra seu caderno ou Opção 2: você mata seu colega de escola, executa uma vingança pessoal com ele e o mostra pra aquela garota que você é afim, mas nunca falou com você. É nesse esquema que reside a maior fraqueza de Death Note, seu protagonista e também vilão, Light Turner é um jovem bastante mediano que recebe um grande poder e não sabe muito bem como lidar com ele, seu duplo animado japonês é um jovem gênio sociopata que decide criar um mundo novo executando bandidos da solidão de seu quarto e jamais duvida da justiça de seu comportamento e não tem um pingo de remorso ...

A influência do ABBA em duas ótimas canções de 2017

Você conhece o ABBA? Certamente conhece. É um absurdo não conhecer ABBA. Mas caso não conheça é um sensacional grupo sueco de musica pop que fez sucesso nos anos 70 com clássicos como Dancing Queen, Money, money, money, The Winner Takes it all, Mamma Mia e mais uma longa lista de outras canções. Com certeza você já ouviu alguma. A banda terminou lá no ano de 1982 e, tal qual Led Zeppelin, nunca mais voltou. Mais de 30 anos depois de seu término continua sendo um nome relevante na música mundial e continua exercendo forte influência nos mais diversos músicos dos mais diversos estilos. Nesse ano me chamaram atenção duas composições, principalmente que têm em comum, além do fato de eu ter gostado delas, ambas terem forte influencia da sonoridade do ABBA. Ambas são alegres e dançantes, têm algo de retrô, mas são essencialmente canções atuais e cheias de personalidade. A primeira, de um dos grandes nomes do Rock Progressivo contemporâneo, Steven Wilson de seu mais recente disco To The...

Quando o Heavy Metal está para a contemplação

Metal é música pesada, barulhenta e muito estimulante. A maneira clássica de curtir o heavy metal consiste em usar preto, fazer cara de mal, bater cabeça, no caso balança-la o mais violentamente possível para cima e para baixo e por fim o mosh, jogar-se e bater-se contra os outros fãs com a maior força possível (mas na paz, fique bem entendido). Em resumo, essa é a imagem consagrada de como curtir de maneira saudável um bom show de metal. Porém, há espécies de metal que convidam a outro tipo de postura, mas calma e contemplativa. Curioso notar que tal tipo de heavy metal ocorra justamente na sua vertente mais extrema e sombria, o Black Metal. É o caso, cite-se como exemplo, do Burzum, projeto de Varg Vikernes, uma das figuras mais controversas do metal, se não da música como um todo, sua proposta nunca foi esse metal citado no primeiro parágrafo, tanto é que ele jamais fez sequer um show ao vivo, aliás jamais tocou Burzum ao vivo, exceto em uma série de vídeos curtos onde ele toca...

Is This The Life We Really Want? - Roger Waters

Vinte e cinco anos depois de seu último disco de rock e aos 73 anos de idade Roger Waters continua inconformado. Ele esteve inconformado nos anos 70 quando fez "The Wall", ele esteve inconformado nos anos 80 quando fez "The Final Cut" e "Radio Kaos", ele esteve inconformado nos anos 90 quando lançou "Amused to Death" e agora, na segunda década do século XXI o baixista do Pink Floyd continua inconformado. Inconformado com a situação dos refugiados, inconformado com Israel, de fato, puto da vida com Trump, e, provavelmente e acima de tudo, inconformado com o fato de, depois de ter passado os anos 80 sob a sombra dum holocausto nuclear (vide os finais trágicos de Final Cut e Radio Kaos), as pessoas ainda terem de viver com medo. Essa é a vida que realmente queremos? Pergunta o músico já no título de seu novo disco, provavelmente o título mais relevante que ele poderia dar nos dias atuais. Primeiramente é bom ressaltar que o novo disco de Wa...

Os Descordantes - Quietude

A música romântica sempre fez sucesso no Brasil, do rock ao sertanejo universitário, perpassando pela MPB e o samba, os temas de amores impossíveis, perdidos, encontrados, reencontrados, iludidos e desiludidos, sempre tiveram boa sintonia com o público. Independente do estilo, há uma facilidade do público de se reconhecer nessas histórias cantadas, para cada situação amorosa que se passar na vida há uma música em algum lugar que serve como expressão perfeita para os seus sentimentos. Os Descordantes entenderam bem essa demanda, cantando desilusões amorosas em diversos estilos: rock, mpb, samba, brega, pop, evitando delimitar-se em um estilo único e denominando-se apenas como música romântica.  Resultou em se tornarem uma das bandas mais queridas da noite Rio Branquense e em seu primeiro disco "Espera a Chuva Passar", um compilado de todas as canções já executadas ao vivo ao longo dos anos, com algumas inéditas. Se o disco não deixou os músicos ricos, com certeza foi u...

Songs of Love and Death - Me and That Man

John Porter (esquerda) e Nergal (direita) Pra quem está acostumado a ouvir Nergal pesado e extremo como líder da banda de Death Metal Behemoth certamente achará estranho e inusitado seu novo projeto Me and That Man. Aquele homem do título trata de um artista do folk chamado John Porter. Juntos ambos trazem luz (ou sombras) a um projeto com influencias como Johnny Cash e Leonard Cohen (repare na semelhança com o clássico Songs of Love and Hate).  O resultado de um músico de death metal polonês fazendo música tipicamente americana não poderia ser melhor. Songs of... é possivelmente um dos melhores lançamentos do ano. Ao escutar o disco se tem a impressão uma gravação realizada no sul do Estados Unidos, mais provavelmente em Nashville. Temos country sombrio em My Church is Black, que soa como se Johnny Cash tivesse perdido a fé e se revoltado contra Deus; temos blues em Nightride, Shaman Blues, Magdalene, etc.; temos o garage rock de Better The Devil I Know e da canção títu...

Resenha - Emperor of Sand do Mastodon

Com um dos melhores trabalhos de vocal de sua discografia, além dos tradicionais peso, técnica e groove, que são marca registrada do Mastodon, esse novo disco supera seu antecessor, embora, do meu ponto de vista, não supere a excelência de The Hunter. Emperor of Sand traz um toque mais melódico às canções, que longe de lhes tirar o peso, enriquece-as dando ares ora épicos ( Jaguar God ), ora introspectivos ( Roots Remain) . Conta ainda com a canção mais pop da banda " Show Yourself ", cativante à primeira audição. Há uma utilização maior dos vocais do baterista Bran Daylor, mais limpos, além do que Troy Sanders (baixo) e Brent Hinds (Guitarra) ambos vocalistas também, aliás os principais vocalistas na fase inicial da banda, vêem reduzindo o gutural e cantando mais limpo. O que pode tirar a agressividade do som, por outro lado abre horizontes pra banda explorar seu lado mais pop e produzir hits mais palatáveis para quem não é iniciado ao som. Arrisco a dizer qu...

Celulares e Gorilas - dois filmes com Samuel L Jackson

Sou fã de Samuel L Jackson desde seu famoso monólogo Ezekiel 25, 17 em Pulp Fiction e sinceramente acho ele um excelente ator. Porém, Jackson, apesar de talentoso, parece não se importar muito em fazer filmes B, aliás, não se importa em fazer filmes toscos mesmo, como esquecer o clássico Serpentes a Bordo ou aquele dos tubarões cujo nome nem lembro. Com certeza ele tem cacife suficiente para escolher só filmes fodões pra estrelar, mas acho que o maior interesse do velho Jackson é mesmo se divertir fazendo seu trabalho. Particularmente não me importo, até me agrada saber que posso ver um dos meus atores favoritos brilhando num filme do cacife de Tarantino, num blockbuster da Marvel ou na produção B de um diretor que nunca ouvi falar com dois ou três filmes igualmente desconhecidos no currículo. O problema é quando o filme, além de B, é ruim e apesar de ter Samuel L Jackson ele atua tão mal quanto um ator de novela religiosa da Record, como ocorre no filme abaixo: Cell (2016) ...